quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O cadaver!


_ Boa tarde!
_ Boa tarde? Por quê? A Senhora por um acaso está brincando comigo?
_ Imagina Doutor Delegado, eu sou uma pessoa séria!
_ Séria, a Senhora por um acaso acha que nós não temos mais o que fazer?
_ Claro que não, mas é dever da polícia investigar toda ocorrência, não é?
_ É, é, então vamos aos fatos! O que aconteceu de fato?
_ Bem, primeiro eu abri os olhos!
_ Abriu os olhos? Que conversa é essa?
_ O Senhor não quer saber dos fatos, tenho que conta-los desde o principio!
_ Está bem, está bem! Mas não precisa tanto detalhe!
_ Como eu ia dizendo: Eu abri os olhos, consultei o relógio de cabeceira, era 6 horas da manhã, fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto. O senhor acredita que tinha uma espinha enorme no meu rosto?
_ Minha senhora, a sua intimidade não me interessa, a Senhora até agora só relatou fatos sem importância!
_ Como assim? Sem importância! O senhor por um acaso acha que higiene pessoal não tem importância, que absurdo!
_ Minha Senhora, os fatos! A sua higiene pessoal não tem importância para os fatos!
_ Esta bem, estou estava tomando banho, quando ouvi a campainha, me enxuguei asa pressas, nem deu tempo de secar o cabelo e disfarçar a espinha!
_ Minha senhora, atenha-se aos fatos!
_ Tudo bem, tudo bem! O senhor está estressado hem? Isso pode fazer mal! Já procurou um médico? Qualquer hora o senhor tem um enfarde e nem sabe o porque!
_ Minha senhora, os fatos!
_ Bem, eu saí do banheiro, caminhei até a porta, destranquei a fechadura! Em casa tem muita fechadura! O Senhor sabe como anda a criminalidade hoje em dia? Um horror!
_ Sei, sei, mas os fatos minha Senhora!
_ Bem, quando eu abri a porta, eu fiquei desesperada! Meu Deus, que cena horrorosa!
_ Os fatos minha senhora!
_ Eu vi aquele homem caído na soleira! O Senhor acha que eu não tinha que ficar assustada?
_ Entendo, mas os fatos, por favor!
_ Tudo bem, eu olhei em redor, não havia um cristo no corredor. Então eu fui até ele, abaixei-me, toquei-o com os dedos, estava frio , rígido!
_ E não tinha que estar?
_ quando concluí que se tratava de um cadáver, eu corri para o telefone e chamei a polícia!
_ Então a Senhora não sabe a diferença entre um cadáver e um manequim? E por isso causou todo esse transtorno para nós e para sua vizinha!
_ Ora Doutor, aquela mulher é muito estranha, e depois a culpa foi do entregador que tocou a minha campainha em vez da dela, não é verdade? Além disso, que homem apressado, nem esperou abrir a porta, podia até o chamar pra tomar um cafezinho, conversar um pouco!
_ Tudo bem minha Senhora, o caso está encerrado!
_ Que ótimo Doutor! Olha, quando o Senhor quiser conversar um pouco, pode ir lá em casa tomar um café, comer uns biscoitos, vai ser muito bem recebido, táh!

Um comentário:

Cid disse...

muito bem: você se superou na criatividade. Abraços.